terça-feira, 1 de junho de 2010

Superação - IRONMAN BRASIL 2010

Depois de uma grande prova no domingo passado (30/05/2010), posso realmente dizer que cada vez mais aprendo um pouco sobre esta prova. No meu caso foi uma grande vitória pois realmente tive a maior virtude que um atleta de IRONMAN possa ter: a SUPERAÇÃO. Depois de meses treinando, vários contra-tempos, estava eu ali, naquela multidão, alinhado para a grande batalha e um grande desafio pela frente, ficar por quase 11 ou 12 horas ininterruptas de exercício físico. Na largada como de costume, foi pauleira, socos, puxões pelos pés, atletas passando por cima dos outros, mas quando chegamos na virada da primeira bóia, a coisa melhorou, ou quase, porque na metade do percurso tomei um soco no olho que senti o óculos afundando dentro da minha cabeça, mas tudo bem, deu para continuar sem precisar parar para arrumar. No contorno da segunda bóia que ficava posicionada na praia, olhei para meu polar e estava marcando incríveis 33 minutos, fiquei super empolgado e vi que poderia fazer um bom tempo, e não deu outra. Saindo do mar olhei para meu polar novamente e marcava 59 minutos e alguns segundos que não me lembro, aí foi uma sensação de como eu tivesse ganho a prova, porque para quem no ano passado nadou o mesmo percurso para 1 hora e 20 minutos, fazer o tempo que fiz realmente era para comemorar. Na transição tentei ficar o menor tempo possível, pois neste ano não estava muito frio para colocar os manguitos e fui mais rápido e tranquilo, porém antes de continuar uma passada básica no banheiro para para aliviar a bexiga. A partir deste momento o IRONMAN começava de verdade, porque eu ficaria em cima da bike por pelos umas 5 horas e 30 minutos. Nos primeiros 30 minutos tentei girar sem forçar demais para que as pernas aquecessem, só então passado esses minutos andei mais forte. Durante todo o trajeto me senti bem dando até para curtir em alguns momentos o visual da cidade. Um fato interessante que ocorreu na bike foi que eu colei uma foto da minha filha no quadro e fui o tempo todo do trajeto conversando com ela, dizendo por onde estávamos e como eu estava me sentindo, acho que foi bom para aliviar e o tempo passar mais rápido. Terminei com um tempo abaixo do esperado e 20 minutos mais rápido do que o ano passado, 5 horas e 20 minutos, o que para mim foi uma nova conquista, mas na verdade só fui saber do tempo no dia seguinte porque meu cateye não estava funcionando e como tinha feito os cálculos pelo polar, sabia de alguma forma que tinha feito um excelente pedal. Na segunda transição foi bem rápida e tranquila também, acho que demorei mais para urinar do que propriamente me trocar, mas tudo bem, uma prova como esta a melhor forma é se sentir bem o tempo todo, sem stress e correria. Terminada esta etapa e já passado da metade da prova, fui para a maratona me sentindo bem, começando devagar nos primeiros 5 km, mas ao final da primeira volta num total de 3 voltas, ou seja, a primeira perna seria de 21 km e as outras 2 de 10,5km, comecei a sentir o verdadeiro espírito de um IRONMAN, minhas pernas estavam exaustas, minha mente queria continuar mas as pernas não, neste momento vem todos os pensamentos negativos como: o que estou fazendo aqui, nunca mais quero treinar para uma prova dessas, vou jogar minha bike no lixo, e por aí vai.... desespero total, mas não tive dúvidas, na segunda volta comecei a andar e posso dizer que foi um alívio. Estava tentando recuperar para voltar ao ritmo inicial, e antes da exaustão me sentia um campeão, nas nuvens, pois sabia que poderia baixar 45 minutos no tempo total em relação ao ano passado, mas tudo isso virou um pesadelo, porque a partir do momento que comecei a andar, achei que terminaria andando e bem mais tarde, aí foi um loucura, me senti um perdedor, que realmente deveria ficar mal, não teria solução, mas com o tempo passando a minha andada foi me recuperando, parava em todos os postos de hidratação e bebia muita água e gatorade, e em uma delas cheguei a até comer um fatia de bolo, algo inédito, mas foi dessa maneira que pude mentalizar e me recuperar minha cabeça. Este momento foi crucial, fiz uma reviravolta total na minha prova, pensei inteligente como um verdadeiro IRONMAN, estava quebrado, com as pernas doloridas mas busquei forças não sei de onde e na metade da segunda volta comecei a correr novamente e só fui parar na chegada. Meu técnico me deu muita força na maratona, me ajudou muito, a cada volta me falava que estava excelente e que podia comemorar, e ele estava certo, me superei completamente e ainda baixei meu tempo em 8 minutos ao ano passado. Quando passei pelo pórtico da chegada confirmou aquilo que tinha em mente desde o início da preparação, ou seja, não tinha feito um treinamento como gostaria de ter feito, mas acreditei o tempo todo que poderia baixar e chegar bem, e foi justamente o que aconteceu, fiquei bastante orgulhoso porque me superei muito numa batalha sofrida, desgastante, mas ao final o prazer de chegar e sentir que você conseguiu não tem preço, esse é o espírito de um IRONMAN, SUPERAÇÃO

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