domingo, 20 de junho de 2010

Acidente

Já estava na segunda semana de treinos depois do ironman, e na segunda-feira como de costume, saí de madrugada  às 5:30 para girar 1 hora de bike, fiz o percurso habitual, estava muito frio, na verdade congelante. O treino estava muito bom e faltando pouco mais de 3 km já perto de casa, estava descendo uma avenida e de repente um pedestre me apareceu e não teve como desviar, peguei em cheio, uma pancada muito forte, na hora só lembro de me ver no chão e com muita dor na perna esquerda. Algumas pessoas que passavam pelo local me ajudaram a sair do meio da avenida, mas quando tentei ficar em pé, mal pude me equilibrar, consegui chegar mancando até o passeio e foi aí que pude deitar mais tranquilo e averiguar qual a minha situação. Visualizei de imediato que não ralei em nenhum lugar do corpo, apenas a contusão na perna. A sensação da batida foi como se eu tivesse me arrebentado em uma parede, rodei no ar e fui bater com o osso lateral, onde fica o glúteo, toda essa região chapou no asfalto duro, uma pancada certeira e muito forte. Depois de ficar por alguns instantes me recuperando levantei para ver se tinha condições de voltar para casa, peguei a bike e dei aquela geral para ver em que estado ela se encontrava, por minha sorte só a roda dianteira empenou, o que é normal, pois qualquer tombo as rodas são as primeiras a mostrarem a sua fragilidade o que é normal. Check-up na bike feito, senti que dava para subir na magrela e voltar,  o que realmente aconteceu, mas voltei extremamente triste e chateado pois sabia que ficaria de molho. Chegando na portaria do prédio onde moro, contei a história para o porteiro enquanto descia da bike, mas quando coloquei a perna esquerda no chão senti a gravidade do acidente. Liguei para um médico amigo meu ortopedista e fui direto para o hospital. Chegando lá, tirei raio-x e graças a deus não quebrei nada, minha articulação estava normal, mas não consegui em hipótese alguma andar sozinho, peguei logo uma muleta emprestada da minha mãe que estava guardada e não larguei mais, mas fora isso bolsa de água quente no local, anti-inflamatórios, muita paciência e alguns dias de atestado. Tombos de bike geralmente não são muito bons, lembro-me de um que tomei no ano passado há dois dias da segunda etapa do brasileiro de longa distância, fiquei todo arrebentado, minha perna esquerda na altura um pouco acima da canela abriu uma ferida enorme, cotovelos e ombros esfolados, camisa e bermuda rasgados, capacete trincado, uma loucura, mas mesmo assim competi no domingo e fiz uma das melhores provas da minha vida. Sabemos da existência da queda a qualquer momento, temos que conviver com isso, faz parte do jogo, perigoso é, mas eu não deixaria nunca de andar por causa de um tombo, tudo bem que logo após um tombo você pensa em nunca mais em andar, quer parar de treinar, esse tipo de coisa, mas temos a mente preparada para isso. Às vezes acho que um tombo tem algo a ver com o nosso momento atual na vida, ou seja, sobrecarregado, dificuldades de relacionamentos, problemas financeiros e profissionais, cansaço de treinos, etc... uma parada forçada do corpo, um tempo onde possa refletir e repensar aquilo que não está bem, o tombo não acontece por acaso, isso eu tenho certeza, por isso estou aqui matutando meu cérebro para filtrar e buscar forças para resolver algumas coisas e até mesmo para dar folga ao esqueleto, pois tenho colocado em situações bastante adversas, mas ele aguenta e muita coisa ainda vem por aí. Agora ficarei de molho por mais alguns dias até ficar totalmente curado da contusão, mas já posso dizer que estou sentindo falta de nadar, pedalar e correr...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Pós IRONMAN

Depois de uma semana de pausa nos treinos descansando e comendo bastante porcaria, chegou a hora de começar a pensar no calendário para o segundo semestre. Este ano como a grana está bastante apertada, meu foco principal eram duas provas: o IRONMAN em Floripa e o Cabra da Peste que foi confirmado para o dia 20 de novembro de 2010, mas estava pensando em participar de um XTerra, provavelmente em Juiz de Fora. Achei que ficaria na mordomia por mais tempo, mas ao telefone com meu técnico ontem, ele logo me disse que minha planilha da semana já estava on-line e que seria uma manutenção básica. Tenho que agradecer muito o Alexandre Ribeiro, o cara me deu muita força durante a prova e durante os treinos, sempre levantando o astral, e foi muito importante para mim, não deixando a peteca cair nos momentos difíceis, mas ao final foi um sucesso. Parabéns, e vamos detonar Fortaleza, essa sim é uma prova para IRONMANS de verdade.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Superação - IRONMAN BRASIL 2010

Depois de uma grande prova no domingo passado (30/05/2010), posso realmente dizer que cada vez mais aprendo um pouco sobre esta prova. No meu caso foi uma grande vitória pois realmente tive a maior virtude que um atleta de IRONMAN possa ter: a SUPERAÇÃO. Depois de meses treinando, vários contra-tempos, estava eu ali, naquela multidão, alinhado para a grande batalha e um grande desafio pela frente, ficar por quase 11 ou 12 horas ininterruptas de exercício físico. Na largada como de costume, foi pauleira, socos, puxões pelos pés, atletas passando por cima dos outros, mas quando chegamos na virada da primeira bóia, a coisa melhorou, ou quase, porque na metade do percurso tomei um soco no olho que senti o óculos afundando dentro da minha cabeça, mas tudo bem, deu para continuar sem precisar parar para arrumar. No contorno da segunda bóia que ficava posicionada na praia, olhei para meu polar e estava marcando incríveis 33 minutos, fiquei super empolgado e vi que poderia fazer um bom tempo, e não deu outra. Saindo do mar olhei para meu polar novamente e marcava 59 minutos e alguns segundos que não me lembro, aí foi uma sensação de como eu tivesse ganho a prova, porque para quem no ano passado nadou o mesmo percurso para 1 hora e 20 minutos, fazer o tempo que fiz realmente era para comemorar. Na transição tentei ficar o menor tempo possível, pois neste ano não estava muito frio para colocar os manguitos e fui mais rápido e tranquilo, porém antes de continuar uma passada básica no banheiro para para aliviar a bexiga. A partir deste momento o IRONMAN começava de verdade, porque eu ficaria em cima da bike por pelos umas 5 horas e 30 minutos. Nos primeiros 30 minutos tentei girar sem forçar demais para que as pernas aquecessem, só então passado esses minutos andei mais forte. Durante todo o trajeto me senti bem dando até para curtir em alguns momentos o visual da cidade. Um fato interessante que ocorreu na bike foi que eu colei uma foto da minha filha no quadro e fui o tempo todo do trajeto conversando com ela, dizendo por onde estávamos e como eu estava me sentindo, acho que foi bom para aliviar e o tempo passar mais rápido. Terminei com um tempo abaixo do esperado e 20 minutos mais rápido do que o ano passado, 5 horas e 20 minutos, o que para mim foi uma nova conquista, mas na verdade só fui saber do tempo no dia seguinte porque meu cateye não estava funcionando e como tinha feito os cálculos pelo polar, sabia de alguma forma que tinha feito um excelente pedal. Na segunda transição foi bem rápida e tranquila também, acho que demorei mais para urinar do que propriamente me trocar, mas tudo bem, uma prova como esta a melhor forma é se sentir bem o tempo todo, sem stress e correria. Terminada esta etapa e já passado da metade da prova, fui para a maratona me sentindo bem, começando devagar nos primeiros 5 km, mas ao final da primeira volta num total de 3 voltas, ou seja, a primeira perna seria de 21 km e as outras 2 de 10,5km, comecei a sentir o verdadeiro espírito de um IRONMAN, minhas pernas estavam exaustas, minha mente queria continuar mas as pernas não, neste momento vem todos os pensamentos negativos como: o que estou fazendo aqui, nunca mais quero treinar para uma prova dessas, vou jogar minha bike no lixo, e por aí vai.... desespero total, mas não tive dúvidas, na segunda volta comecei a andar e posso dizer que foi um alívio. Estava tentando recuperar para voltar ao ritmo inicial, e antes da exaustão me sentia um campeão, nas nuvens, pois sabia que poderia baixar 45 minutos no tempo total em relação ao ano passado, mas tudo isso virou um pesadelo, porque a partir do momento que comecei a andar, achei que terminaria andando e bem mais tarde, aí foi um loucura, me senti um perdedor, que realmente deveria ficar mal, não teria solução, mas com o tempo passando a minha andada foi me recuperando, parava em todos os postos de hidratação e bebia muita água e gatorade, e em uma delas cheguei a até comer um fatia de bolo, algo inédito, mas foi dessa maneira que pude mentalizar e me recuperar minha cabeça. Este momento foi crucial, fiz uma reviravolta total na minha prova, pensei inteligente como um verdadeiro IRONMAN, estava quebrado, com as pernas doloridas mas busquei forças não sei de onde e na metade da segunda volta comecei a correr novamente e só fui parar na chegada. Meu técnico me deu muita força na maratona, me ajudou muito, a cada volta me falava que estava excelente e que podia comemorar, e ele estava certo, me superei completamente e ainda baixei meu tempo em 8 minutos ao ano passado. Quando passei pelo pórtico da chegada confirmou aquilo que tinha em mente desde o início da preparação, ou seja, não tinha feito um treinamento como gostaria de ter feito, mas acreditei o tempo todo que poderia baixar e chegar bem, e foi justamente o que aconteceu, fiquei bastante orgulhoso porque me superei muito numa batalha sofrida, desgastante, mas ao final o prazer de chegar e sentir que você conseguiu não tem preço, esse é o espírito de um IRONMAN, SUPERAÇÃO